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Palavra da Inspetora

em 21/10/2019 | 00h00min

Palavra da Inspetora

Inspetoria Nossa Senhora da Penha

Circular 10/2019

 “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

O ‘da mihi animas cetera tolle’ e o ‘a ti as confio’

que levou Dom Bosco e Madre Mazzarello

 a se tornarem dom total aos pequenos e aos pobres,

é a alma da nossa missão educativa,

impele-nos a ir ao encontro das crianças e dos jovens... (Const. 6)

 

O Papa Francisco proclamou outubro de 2019 como Mês Missionário Extraordinário: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. A missão é uma só e nasce no coração da Trindade. Logo, missão é de Deus e Deus é Missão. Ela nasce em nós pelo batismo e pelo encontro com Jesus Cristo que dá novo horizonte à nossa vida (cf. Ap 29). É um encontro apaixonante que transborda. “Missão é paixão por Jesus Cristo e simultaneamente paixão pelo seu povo” (EG, 268). Sem essa paixão, a missão é reduzida, enfraquecida e dispersa, e corremos o risco de sairmos para muitas coisas, mas sem mística e ardor. Portanto, missão é questão de paixão e identidade a partir de Cristo - o missionário do Pai.

Jesus convocou o grupo dos doze para que primeiro permanecessem com Ele e depois de um tempo os enviou a pregar (Cf. Mc 3,14). A primeira tarefa do missionário/a é permanecer com Ele para conformar-se à sua pessoa, ter a sua identidade. Desse encontro, desta gestação, nasce a missão que não tem fronteiras. O envio é até os confins da terra, ou seja, até as periferias geográficas e existenciais, a toda e qualquer pessoa. Ao sermos enviados/as, não anunciamos a nós mesmos e a nossos projetos, mas o Evangelho, boa notícia de salvação para todos.

“Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, 273). Avida se torna uma missão. Ser missionário/a está além de cumprir tarefas ou fazer muitas coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate o papa chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas avida é uma missão” (27).

A partir dessa compreensão existencial da missão, o testemunho tem força eloquente. Paulo VI sublinha: “As pessoas de hoje escutam com mais boa vontade as testemunhas do que os mestres, e se escutam os mestres é porque eles são testemunhas”. E ainda: “Cada santo/a é uma missão por excelência” (GE,19). Nesse sentido, o mês missionário de outubro ressalta o valor do testemunho num mundo marcado por tantas formas de violência. Portanto, testemunhar o Evangelho da paz nos convida a ações concretas de misericórdia nas realidades desfiguradas pela corrupção, fome, violência contra a vida, indiferenças e por tantas injustiças.

A missão é sempre tarefa eclesial, comunitária. Ninguém pode ter o monopólio da missão.

Diz a comunidade Joanina no prólogo de seu Evangelho: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (Jo 1, 14). A Encarnação do Verbo de Deus é, por excelência, manifestação da missionariedade do próprio Senhor. Ele vem ao nosso encontro, se faz comunicação e revela-se como o Filho amado do Pai.

O Documento de Aparecida por diversas vezes enfatiza que o discípulo é também missionário, a alegria da presença do Cristo não pode ser guardada, deve, por mandato dele mesmo, ser comunicada. “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20, 20), disse o Senhor Ressuscitado aos seus reunidos no Cenáculo.

Ser missionário é ter coragem de dividir o tempo com os outros, levando sempre a paz e o amor de Deus para todas as pessoas que necessitam dessa paz e desse amor. Logo, o missionário é aquele que está disposto a ir aonde há necessidade de alguém que ofereça seus dons e sua vida ao serviço dos mais necessitados. O missionário alegra a muitos com sua atitude generosa e faz o Reino de amor acontecer em meio às situações de abandono e sofrimento.

 A importância da missão nos dias atuais é porque ela torna-se a irradiação do Amor do Deus Trindade. Este amor, revelado aos pequenos/pobres, é a força que destrói o mal. Viver essa missão é contemplara ação de Deus, agindo no meio do pequenos e pobres, mesmo diante dos desafios e resistências, mas fazendo acontecer o milagre da vida. Diz-nos o Papa Francisco: “A nossa imperfeição não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a crescer”. (EG 121). É um tempo de sair, de partilhar, de ajudar, de acolher e de se comprometer. É convocação, é envio a todas as pessoas.

Como coração e olhos alargados e como missionárias de esperança e alegria continuemos trilhando os caminhos do BEM no serviço-doação às Crianças e Jovens a nós confiados.

Meu abraço fraterno,

Ir. Ana Teresa


Fonte: Redação