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Encontro Internacional de Jovens Consagrados/as

em 23/09/2015 | 00h00min

Encontro Internacional de Jovens Consagrados/as

«Sejam Profetas, perdoem e sorriam» 

Encerrou-se no dia 19 de setembro o encontro internacional dos jovens consagrados e consagradas, organizado pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA), no âmbito do Ano da Vida Consagrada.

Numerosa a participação das Filhas de Maria Auxiliadora, vindas das Comunidades Madre Angela Vespa e Madre Mazzarello, do Auxilium, das comunidades Ir. Teresa Valsé Pantellini, Madre Ersilia Canta e Casa Geral, da Itália, da Europa (Eslovênia e Portugal) e do Brasil. As FMA do Auxilium prepararam e animaram a liturgia da manhã. As irmãs das duas comunidades do Auxilium fizeram uma coreografia inicial juntamente com as irmãs de outras ordens religiosas, enquanto as noviças com os Legionários de Cristo animaram a oração e o início dos encontros com o canto.

Uma experiência envolvente, vivida com entusiasmo e paixão, num entrelaçamento de temas, experiências e partilha... e tanta festa juntos, com a alegria de pertencer a Cristo e não poder guardar isto para si, mas comunicá-lo. Viver como consagradas quer dizer por-se em movimento para encontrar o outro, acolhendo-o e ajudando-o, procurando o seu bem. Aproximando-se do próximo, se encontra Deus e se percebe o outro como irmão. No Ano Jubilar, que está para iniciar, «cabe a nós consagrados ser uma contínua e simples ‘memória vivente’ deste eterno abraço do Pai com os seus filhos». Na Praça São Pedro, na noite do dia 17, grande festa, música, dança e espetáculo se alternaram com testemunhos de consagrados e consagradas de diversas partes do mundo, e foi uma explosão de entusiasmo, emoção e alegria.

Mas o momento mais esperado, na Aula Paulo VI, foi a audiência do Papa Francisco, ponto culminante do encontro mundial. O Papa foi recebido com estrondoso calor e interrompido por aplausos contínuos, Francisco, como sempre com os religiosos, deixou de lado o discurso preparado e falou por cerca de 40 minutos respondendo a três perguntas dos jovens consagrados Pierre (salesiano de Aleppo – Síria), Sara e Marie Iacinta. 40 minutos, durante os quais o Papa voltou a propor os típicos convites para a festa, para a oração e para a proximidade ao povo, sem poupar algumas ‘chamadas’ a viver com radicalidade. Como aquela sobre o “narcisismo”, uma das “ piores atitudes de um religioso”, comenta o Pontífice. Ou ainda, o “olhar para si mesmo”, o “refletir a si mesmo”. “É preciso evitar isto”, admoesta, porque “nós vivemos em uma cultura narcisista” e “sempre temos esta tensão de refletir a nós”. 

Antídoto para esta tendência é a adoração silenciosa, o “contrário do narcisismo” porque “esvazia de si mesmo”, afirma. E, sem rodeio de palavras, pergunta: “Nós adoramos a Deus? Tu, religioso, religiosa, tem a capacidade de adorar a Deus?” O convite portanto é ser “mulheres e homens de adoração”, porque somente assim é possível estabelecer uma relação sólida e direta com Deus e, também, “aprender a contar a própria vida” diante dEle. 

Depois da adoração, está a festa. Um instinto natural, porque “quando você se lembra das maravilhas que o Senhor fez em sua vida, você tem vontade de fazer festa, e lhe vem aquele sorriso, e é bonito, porque Deus é fiel”, observa Bergoglio. Depois adverte sobre o risco da “comodidade” no próprio estilo de vida, como também da falta de caridade que leva a uma “incapacidade de perdão”. “Digo uma palavra um pouco difícil e lhes falo sinceramente, um dos pecados que muitas vezes encontramos na vida comunitária é a incapacidade de perdão. ‘Você vai me pagar isto’, eu lhe farei pagar, isto é emporcalhar o outro’”.

No longo discurso houve espaço também para alguma lembrança pessoal e Bergoglio voltou com a memória àquele 21 de setembro de 1953, no qual sentiu o “primeiro chamado”. “Não sei como aconteceu – ele contou – sei que entrei por acaso em uma Igreja, vi um confessionário e saí diferente: minha vida mudou”. 

Naquele dia, “senti o chamado a me fazer sacerdote e religioso. Aquele sacerdote estava ali por acaso, tinha leucemia e morreu um ano depois. Depois me orientou um salesiano que tinha me batizado e ele me levou aos jesuítas: ecumenismo religioso!” “O que me fascinou mais do que o Evangelho. Provavelmente “a sua proximidade de mim”, porque “o Senhor – afirmou – nunca me deixou sozinho, mesmo nos momentos obscuros, mesmo nos momentos dos pecados”. 

Esta é justamente a chave: descobrir o amor de Deus também na mais profunda miséria. “Devemos dizer que somos todos pecadores”, não apenas “em teoria” mas “na prática”, insiste o Pontífice. “Eu me lembro dos meus pecados e me envergonho, mas também naqueles momentos o Senhor nunca me deixou sozinho, não só eu, mas a todos: a cada um o Senhor nunca deixa”. “Nos meus momentos piores – acrescentou – ajudou-me a lembrança daquele primeiro encontro, porque o Senhor nos encontra sempre definitivamente”.

Para o texto integral da mensagem do Papa Francisco:

http://w2.vatican.va

Fonte: Redação