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CGXXIII - Não Podemos Perder a Esperança!

em 12/11/2014 | 00h00min

CGXXIII - Não Podemos Perder a Esperança!

A situação atual da Venezuela apresentada pela Inspetora Ir. Margarita Hernández, da Inspetoria venezuealana S. João Bosco (VEN).

Venezuela, um país abençoado por Deus com imensos recursos naturais e humanos, está atravessando um momento muito difícil da sua história.
Em 1999, o povo venezuelano, cansado da situação política, viu em Hugo Rafael Chávez – depois da tentativa de golpe de Estado de 1992 durante o governo do presidente Carlos Andrés Pérez – a solução para acabar com a corrupção e o clientelismo, portanto, a esperança de mudança. Hoje, porém, a situação real da Venezuela é muito complexa e é (e continua sendo) muito grande a dívida dos venezuelanos para com os mais pobres.
Com a situação política difícil e precária, temos uma Venezuela dividida em duas, o que torna urgente o diálogo para encontrar outras saídas. Até o momento este diálogo parece estar ainda muito longe.
É inadmissível que em um país que fatura milhões com sua riqueza petrolífera seja necessário fazer longas filas para comprar comida e encontrar medicamentos.
É inaceitável que vivamos divididos e confusos, diante de um futuro incerto e nas mãos de poucos, que a nossa soberania tenha sido manchada, enquanto nós passamos necessidade, outros países desfrutam da abundância do nosso petróleo.
È triste ver que muitas empresas estão se retirando do nosso país, diminuindo drasticamente as fontes de trabalho digno. É triste depender do dinheiro recebido como subsídio sem ter a alegria de produzir bens e serviços para construir juntos um país que pode renascer. Assistimos impotentes o aumento da delinquência assim como o da impunidade, o atraso nos processos daqueles que estão presos porque expressaram sua posição política, inclusive jovens. O poder público não é mais autônomo, não existe possibilidade de organizar os cidadãos que são deixados à deriva e se tornam indefesos. Recentemente chegou na Venezuela o primeiro navio estrangeiro carregado de petróleo bruto, justamente no país que é um dos mais importantes exportadores.
A Conferência Episcopal Venezuelana não tem medo de mostrar as suas ideias: “Independente e politicamente autônoma, continua comprometida com a proposta do diálogo nacional”. Em diferentes oportunidades manifestou a rejeição pela “usura, a corrupção e a especulação”.
Os Bispos nos alertam sobre o desperdício, sobre as compras desenfreadas. “Preocupa-nos que muitas pessoas, em um momento de euforia, acreditam que com a compra de alguns eletrodomésticos resolvam os grandes problemas que lhes afligem. É preocupante como este clima de euforia possa gerar atos de violência e de confronto entre as pessoas, o que depois se torna difícil de controlar e que todos deveríamos rejeitar”. Recordam-nos continuamente que “a situação econômica do país deve ser enfrentada principalmente pelas autoridades públicas de comum acordo com empresários, comerciantes e instituições competentes. É preciso criar um clima de confiança que permita a reativação da produção e o crescimento socioeconômico em benefício da coletividade, especialmente dos mais pobres e vulneráveis”.

E as comunidades FMA? Como vivem esta situação do País?

A desconcertante e complexa situação político-econômica é o ar que respiramos. Também a nós cabe enfrentar longas filas para encontrar alimentos da cesta básica, ou ir de farmácia em farmácia procurando remédios, especialmente para nossas irmãs doentes. É tão forte a sensação de impotência que às vezes temos a tentação de adequar-nos, obscurecendo a nossa identidade de mulheres cristãs chamadas a amar, e acabamos cultivando sentimentos negativos como a raiva e a indignação. É a escuta da PALAVRA que reforça a nossa missão de FMA, cidadãs venezuelanas que continuam a viver e semear amor e esperança. Deixar-nos conduzir pela honestidade, a transparência, o diálogo e a responsabilidade social na nossa missão educativo – evangelizadora é justamente o sinal de denúncia e anúncio profético, especialmente para as nossas crianças e jovens mais pobres. Todos têm direito a uma educação de qualidade, a realizar seus sonhos e a viver em paz num país que Deus fez tão rico e que nós estamos desperdiçando. Nas comunidades surgem iniciativas que ajudam a dar esperança, como o projeto “Famílias em Ação” iniciado em Güiria (Edo. Sucre). As Irmãs e os leigos se abriram à missão “em saída” para ir ao encontro das famílias lá onde elas vivem, e juntos, procuramos fazer uma leitura sapiente da realidade à luz da Palavra que salva.
Avante Venezuela, corajosa e resiliente!

Fonte: Redação