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Carta Circular 947

em 31/07/2014 | 00h00min

Carta Circular 947INSTITUTO FILHAS DE MARIA AUXILIADORA
fundado por São João Bosco
e Santa Maria Domingas Mazzarello
N. 947

Maravilha diante do chamado


Chamados à conversão do amor


Somos chamados a viver a nossa existência como memória viva de Jesus, a reavivar o da mihi animas cetera tolle e a resposta à palavra de ordem: Eu as confio a você; a ser – com os jovens - sinal e expressão do amor preveniente de Deus; a crer que a nossa missão é mais fecunda quando a vivemos em comunhão como comunidade educativa e, juntas, testemunhamos o amor preveniente. Esses chamados ritmaram nossos passos em companhia de Maria que repetiu, também a nós, o convite: Eis o teu campo, e alargou o nosso coração a uma ação apostólica portadora de esperança (cf Const. 44).
Com ela, e em comunhão com todas vocês, elevamos o nosso Magnificat:
Magnificat pelo chamado a reencontrar o fascínio do encontro pessoal com Jesus, deixando-nos envolver por sua paixão pelo Reino.
Magnificat pela audácia missionária que caracteriza o estilo de muitas comunidades; por toda Irmã que cuida dos jovens, especialmente dos mais pobres, que assume vitalmente a espiritualidade educativa de Dom Bosco e de Maria Mazzarello, que volta às fontes carismáticas do amor preveniente, vivido no estilo alegre e exigente do Sistema Preventivo.
Magnificat pelas Irmãs que deixam suas comodidades para estar com os jovens; que os escutam, compartilham seu tempo com eles, abrem para eles o coração e a casa, fazem deles protagonistas do próprio crescimento, capazes de se abrirem a Deus, fonte de autêntico amor que potencializa o dom de si aos outros. Magnificat pelas Irmãs que anunciam Jesus e acompanham os jovens ao encontro vital com Ele.
Magnificat pelas novas vocações que o Senhor tem enviado ao Instituto. Pelas FMA que responderam generosamente ao chamado do Senhor para serem missionárias ad gentes; pelas Inspetorias que aceitaram a sua decisão de partir e pelas comunidades que as acolheram.
Magnificat pelas comunidades educativas que se formam e trabalham unidas, que consolidam a mentalidade de rede e valorizam a riqueza da internacionalidade, que assumem o critério ético da sobriedade e a autodelimitação das necessidades como alternativa evangélica ao consumismo; que continuam a responder ao apelo da mobilidade humana, privilegiando a educação e a formação, principalmente de meninas, mulheres e jovens imigradas, e promovem o diálogo intercultural e interreligioso.

Percorremos um incessante caminho de tensão para o amor (cf C 53) que sempre precisa ser purificado pela misericórdia do Pai. Estamos conscientes de que nem sempre Jesus está no centro da nossa vida e da missão; nem sempre conseguimos ser expressão transparente do seu amor, a ponto de fazer com que os jovens sintam que nós os amamos e que eles são amados por Deus; nem sempre sabemos assumir e compartilhar corresponsavelmente a missão educativa.
Mas temos certeza de que o Senhor realiza o seu projeto, através da nossa fragilidade, quando essa se torna espaço onde Ele pode habitar.
Entregamos também ao coração misericordioso do Pai, e à compreensão de vocês, os limites da nossa animação. Olhamos para o futuro com esperança, certas de que Maria, verdadeira Superiora do Instituto, continuará dando apoio ao caminho e abrindo o coração de cada uma aos novos apelos, que exigem uma contínua e real conversão pastoral e missionária (cf EG 25).

Chamadas a acolher as novidades do E. Santo

O sexênio que se encerra evidencia, no cenário mundial, grandes transformações que dão uma face inédita a estes primeiros anos do terceiro Milênio. Somos gratas pelo dom da presença do Espírito Santo que age continuamente na nossa história, mesmo se marcada pela multiplicação de conflitos e tensões entre povos e culturas, por uma persistente crise econômica, pela violência, pelo incalculável fluxo migratório, pelo aumento de várias calamidades naturais. São cenários que, muitas vezes, levam - os jovens, principalmente - a uma visão sombria do tempo em que vivemos.
No entanto, no tecido áspero da nossa época, percebemos maravilhadas os sinais da vitalidade do Espírito que continua a suscitar germes de bem na Igreja, no Instituto, no mundo, e a fazer surgir uma floração de propostas e iniciativas que tornam a nossa Terra mais bonita.
Em sintonia com o Papa Francisco, repetimos: “Não deixemos que nos roubem a esperança”.
Nós nos sentimos envolvidas pelo entusiasmo de crentes e não crentes, de todo o mundo, com os eventos que marcaram o caminho recente da Igreja, da escolha de grande liberdade e humildade de Bento XVI à eleição do Papa Francisco. As palavras e os gestos do novo Pontífice estão alimentando e seguindo de perto uma renovada conscientização evangélica da missão do povo de Deus. Como FMA, acolhemos do seu Magistério a indicação de um novo percurso de conversão ao Amor, que dá continuidade à caminhada feita no sexênio. Somos convidadas a uma conversão pastoral que leva a situar-se “num permanente estado de missão” (Doc. Aparecida 551) e pede a cada comunidade um compromisso de conversão que “não deixe as coisas como estão” (EG 25).

Somos gratas ao Espírito porque vemos que o tema do XXIII CG encontra luz e apoio nessa e nas outras orientações do Papa Francisco. Nós também sonhamos com “uma escolha missionária capaz de transformar todas as coisas, para que – mais do que para a autopreservação - os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura se tornem canal adequado para a evangelização do mundo atual,” (EG 27).
Trata-se de uma escolha que estimula o compromisso de estar com os jovens, criando com eles e para eles, ambientes onde as relações de qualidade sejam um estilo quotidiano de vida, e onde possam desabrochar respostas generosas aos chamados que Deus continua a fazer aos jovens. Uma escolha que nos torne capazes de ser, com eles, missionários nas ruas do mundo.
Olhamos para a celebração do XXIII CG, como um tempo de novidade do Espírito Santo, na certeza de que não somente as 194 FMA reunidas em Roma, de 8 de setembro a 15 de novembro, mas cada FMA, somos todas convocadas a acompanhar de perto o percurso, conscientes de que o Capítulo geral – com diferentes modalidades – nos envolve pessoalmente.
Contemplamos a presença fecunda do Espírito Santo também no tempo de preparação para o evento carismático do bicentenário de nascimento do nosso Fundador Dom Bosco. O então Reitor Mor Padre Pascual Chávez Villanueva, na carta de inauguração do triênio, evidenciava que “o caminho e o tema do ano bicentenário, em desenvolvimento coerente com os anos de preparação, se referiam a: Missão de Dom Bosco com os jovens e para os jovens”. Com isso, fazia votos de uma celebração que levasse a concentrar-se no caminho de renovação espiritual e pastoral a ser percorrido como Congregação, como Família salesiana e Movimento juvenil salesiano.
O novo Reitor Mor, Padre Ángel Fernández Artime, antecipando o tema da Estreia 2015 – Como Dom Bosco, com os jovens e para os jovens – confirma esta linha de renovação e de conversão.

Nós, FMA, somos convidadas a viver esse evento como possibilidade de forte renovação no entusiasmo vocacional; de ação de graças pelo grande dom do carisma salesiano para a salvação da juventude de todos os tempos e de todo contexto cultural; de esperança no futuro (cf Madre Yvonne Reungoat, Carta 31 de janeiro de 2011).
Somos gratas por essa ótica proposta e assumida na celebração bicentenária, que se alinha, de modo surpreendente, com o tema do XXIII CG.
O evento capitular será uma significativa oportunidade para rever e potencializar a nossa fidelidade a Dom Bosco, para refletir se, em nível pessoal e comunitário, estamos realizando o seu “sonho”, e interrogar-nos como podemos fazer resplandecer hoje aquele Monumento vivo de gratidão à Auxiliadora, que ele idealizou, ao fundar o Instituto.

Chamadas – com os jovens - a anunciar Jesus

Os encontros com tantos jovens ao longo destes seis anos e a escuta da história deles, fizeram emergir a sede de Deus presente no coração de cada um, mesmo se nem sempre manifestada. Hoje, na gratidão por aquilo que vivemos, estamos disponíveis a arar com eles um campo novo (cf Oseias 12,8). Além de uma pastoral projetada para os jovens, queremos potencializar uma pastoral com os jovens, indo junto com eles ao encontro de tantos outros que estão à espera do Evangelho.

Os jovens vão nos levar aos lugares de uma humanidade que precisa de Jesus Cristo, ajudando-nos a descentrar-nos e a superar os muros que nos distanciam da realidade.
Como Instituto, às vésperas da celebração de um novo Capítulo geral, nos dispomos a gerar vida, crendo nos incessantes chamados do Espírito, escutando-o e testemunhando com os jovens a beleza da vida religiosa. Temos a convicção de que a nossa vida, doada em plenitude, é a primeira forma de evangelização. Também por isso, estamos felizes de acolher, por três dias, durante o Capítulo geral, jovens e adultos, para refletir, rezar e responder juntos, aos desafios de hoje.
Como em Valdocco e em Mornese, Maria Auxiliadora continua a abrir estradas e a acompanhar os discípulos missionários de seu Filho. Peçamos a ela que continue a passear pelas nossas casas e nos ajude a humanizar as nossas relações. Peçamos, de modo particular, que faça isso no ambiente do XXIII Capítulo Geral!

Vamos nos encontrar, na oração e na comunhão, para celebrar as festas salesianas mais próximas: dia 5 de agosto, para renovar a gratidão por sermos parte viva de uma Família que Maria quis; no dia 16 de agosto, para a solene abertura do ano bicentenário do nascimento de Dom Bosco.
Queridas Irmãs, temos certeza de que, nas nossas comunidades, haverá uma ampla participação nas celebrações que envolvem toda a Família Salesiana nos vários contextos. O nosso Fundador, junto com Madre Mazzarello, estará acompanhando o percurso de todo o ano, de modo especial, o do tempo capitular e pós-capitular.
O Senhor as abençoe. Nós todas as abraçamos, com afeto agradecido e grande alegria.

Castelgandolfo, 16 de julho de 2014
Festa da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo  


A Madre
e as Irmãs do Conselho

Fonte: Cgfmanet