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Palavra da Inspetora

em 21/04/2020 | 00h00min

Palavra da Inspetora

“Maria Madalena vai ao sepulcro, 

de madrugada, quando ainda estava escuro...” (Jo. 20,1)

«Não tenhais medo! ... Não está aqui; ressuscitou» (Mt 28,5-6)

Queridas Irmãs, 

Nesta Páscoa nosso olhar se encha de luz, como os olhares das mulheres que viram o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado (Mt 28). Que possamos anunciar como elas, com fé e a certeza da presença de Cristo no meio de nós: “o Senhor ressuscitou, aleluia!”.

Cristo ressuscitou! Ressuscitar é romper o próprio túmulo. É o que somos convidadas a fazer: sair do “túmulo”, romper as trevas, e percorrer um novo caminho de luz e de esperança!

Em meio à noite, a Luz da Ressurreição nos possibilita perceber lucidamente nossa própria realidade e aquela na qual estamos inseridas e que nos envolve com todas as suas consequências levando-nos a optar por caminhos e escolhas em prol da Vida. 

Nestes tempos envolve-nos a noite de uma crise global: que nos isola do convívio social, nos provoca buscas de novos espaços de trabalho, nos diz que precisamos olhar além de nós mesmos e focar a atenção para dentro e para fora. Dentro, vamos perceber que há na nossa casa tantas riquezas humanas, tantas carências, tantas histórias de vida a serem contempladas e resgatadas. É o mistério do ‘outro’ que nos circunda de respeito e deve despertar em nós uma atitude de mudança de vida, mudança de rota e revisão do nosso projeto de vida. Fora de nós, o cenário nos pede que alarguemos o olhar e busquemos criativamente modos de praticar a solidariedade: há milhões de seres humanos que passam fome, que vivem a solidão de afetos e cuidados, tantos não têm acesso às redes públicas de saúde e que são ameaçados pelo sistema injusto que nos rege como cidadãos.  Tantos privados de acesso aos meios de comunicação vivem no isolamento das oportunidades de vida mais digna, mais humana.

Precisamos cultivar não só olhos que vejam a realidade, senão que sejam capazes de contemplar, no meio da noite, a presença da Luz: uma luz que brota das profundezas da realidade, do profundo do ser onde o Deus, fonte de vida, sustenta tudo; uma luz que nos faz descobrir nosso ser essencial: filhos e filhas amados(as) e irmanados(as) com todos e com tudo.

Faz-se noite; no entanto, tal como as águas, a noite tem um significado de fertilidade, virtualidade, semente. A partir da experiência pascal, a noite pode espantar, mas também pode ser chance para ver melhor; a morte pode ser ameaçadora, mas ela ensina a viver; o sepulcro vazio pode causar dúvida, mas ele aponta para a ressurreição; o infinito pode suscitar inquietação, mas consegue impulsionar para o além, até acender no coração uma chama persistente: a esperança.

A noite é o tempo do mistério e da promessa, é o lugar da espera e da realização, o espaço do desejo e do encontro, da invocação e da revelação, do sofrimento e da paixão, do silêncio e da oração, da vida e da morte.  Na noite o que conta, o que vale, não se diz, não se vê, não se sabe: deseja-se, espera-se, recebe-se, realiza-se. Não é um simples eco aquela voz que anuncia no escuro o início do cumprimento de uma promessa que vem de longe e traz luz, festa, alegria, canto... “Não está aqui. Ressuscitou!” 

Para transitar na noite de nosso tempo precisamos buscar na Ressurreição a Luz que a ilumine e nos indique a direção e o sentido de nossa existência. A noite pede pessoas marcadas pela experiência da Ressurreição. Jesus ressuscitou pelo modo de vida, vivida intensamente. Tal é a disposição que hoje precisamos cultivar para iluminar a noite de nosso tempo.

A Páscoa é o ápice de nossa fé cristã, desejo a você uma abençoada ressurreição, e que sua vida seja o reflexo de suas ações em prol de um mundo melhor e mais feliz com as bênçãos do Cristo Ressuscitado.

Meu convite é: nas experiências de obscuridade e de luz, descubra e contemple o Ressuscitado.

Caminhemos com Maria, olhos fixos em Jesus glorioso!!

Com carinho fraterno, Ir. Ana Teresa 

Fonte: Redação