senha

Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões

em 01/10/2014 | 00h00min

Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões

“Missão para libertar” é o tema da Campanha Missionária2014, a ser realizada durante o mês de outubro. A reflexão retoma a Campanha daFraternidade deste ano, que alertou sobre a realidade do tráfico humano. Asvítimas desse crime representam a escravidão moderna.

A temática surge hoje como um grande desafio para a Missão.É o que afirma o diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre CamiloPauletti. “Em uma sinagoga de Nazaré, Jesus inaugura seu ministério recordandoa profecia de Isaías: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu eenviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres…’ (Lc 4, 18). E Jesus continuou:para pôr em liberdade os cativos…”, destaca o sacerdote ao falar da passagembíblica que inspirou a escolha do tema “Missão para libertar” e lema “Enviou-mepara anunciar a libertação”.

“A Missão do Messias vem do Deus da vida e por isso trazlibertação para quem sofre algum tipo de escravidão. Hoje, Jesus nos desafia aassumirmos essa mesma Missão”, complementa.

A Campanha Missionária 2014 quer chamar a atenção para aescravidão do tráfico humano em suas diversas expressões: a exploração dotrabalho, exploração sexual, extração de órgãos e tráfico de crianças e adolescentespara adoção.

No Brasil, as Pontifícias Obras Missionárias (POM), com sedeem Brasília (DF), têm a responsabilidade de organizar, todos os anos, aCampanha Missionária, na qual colaboram a CNBB, por meio da Comissão para aAção Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia eoutros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina).


MENSAGEM DO PAPA PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES:

“Queridos irmãos e irmãs!

Ainda hoje há tanta gente que não conhece Jesus Cristo. Porisso, continua a revestir-se de grande urgência a missão ad gentes, na qual sãochamados a participar todos os membros da Igreja, pois esta é, por suanatureza, missionária: a Igreja nasceu «em saída».

O Dia Mundial das Missões é um momento privilegiado para osfiéis dos vários Continentes se empenharem, com a oração e gestos concretos desolidariedade, no apoio às Igrejas jovens dos territórios de missão.

Trata-se de uma ocorrência permeada de graça e alegria: degraça, porque o Espírito Santo, enviado pelo Pai, dá sabedoria e fortaleza aquantos são dóceis à sua ação; de alegria, porque Jesus Cristo, Filho do Pai,enviado a evangelizar o mundo, sustenta e acompanha a nossa obra missionária.E, justamente sobre a alegria de Jesus e dos discípulos missionários, queropropor um ícone bíblico que encontramos no Evangelho de Lucas (cf. 10, 21-23).

1. Narra o evangelista que o Senhor enviou, dois a dois, ossetenta e dois discípulos a anunciar, nas cidades e aldeias, que o Reino deDeus estava próximo, preparando assim as pessoas para o encontro com Jesus.Cumprida esta missão de anúncio, os discípulos regressaram cheios de alegria: aalegria é um traço dominante desta primeira e inesquecível experiênciamissionária.

O Mestre divino disse-lhes: «Não vos alegreis, porque osespíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomesescritos no Céu. Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a açãodo Espírito Santo e disse: “Bendigo-te, ó Pai (…)”. Voltando-se, depois, paraos discípulos, disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o queestais a ver”» (Lc 10, 20-21.23).

As cenas apresentadas por Lucas são três: primeiro, Jesusfalou aos discípulos, depois dirigiu-Se ao Pai, para voltar de novo a falar comeles. Jesus quer tornar os discípulos participantes da sua alegria, que eradiferente e superior àquela que tinham acabado de experimentar.

2. Os discípulos estavam cheios de alegria, entusiasmadoscom o poder de libertar as pessoas dos demônios. Jesus, porém, recomendou-lhesque não se alegrassem tanto pelo poder recebido, como sobretudo pelo amoralcançado, ou seja, «por estarem os vossos nomes escritos no Céu» (Lc 10, 20).

Com efeito, fora-lhes concedida a experiência do amor deDeus e também a possibilidade de o partilhar. E esta experiência dos discípulosé motivo de jubilosa gratidão para o coração de Jesus. Lucas viu este júbilonuma perspectiva de comunhão trinitária: «Jesus estremeceu de alegria sob a açãodo Espírito Santo», dirigindo-Se ao Pai e bendizendo-O.

Este momento de íntimo júbilo brota do amor profundo queJesus sente como Filho por seu Pai, Senhor do Céu e da Terra, que escondeuestas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelou aos pequeninos (cf. Lc10, 21).

Deus escondeu e revelou, mas, nesta oração de louvor, ésobretudo a revelação que se põe em realce. Que foi que Deus revelou eescondeu? Os mistérios do seu Reino, a consolidação da soberania divina de Jesuse a vitória sobre satanás.

Deus escondeu tudo isto àqueles que se sentem demasiadocheios de si e pretendem saber já tudo. De certo modo, estão cegos pela própriapresunção e não deixam espaço a Deus.

Pode-se facilmente pensar em alguns contemporâneos de Jesusque Ele várias vezes advertiu, mas trata-se de um perigo que perdura sempre etem a ver conosco também. Ao passo que os «pequeninos» são os humildes, ossimples, os pobres, os marginalizados, os que não têm voz, os cansados eoprimidos, que Jesus declarou «felizes». Pode-se facilmente pensar em Maria, emJosé, nos pescadores da Galileia e nos discípulos chamados ao longo da estradadurante a sua pregação.

3. «Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado» (Lc 10, 21).Esta frase de Jesus deve ser entendida como referida à sua exultação interior,querendo «o teu agrado» significar o plano salvífico e benevolente do Pai paracom os homens.

No contexto desta bondade divina, Jesus exultou, porque oPai decidiu amar os homens com o mesmo amor que tem pelo Filho. Além disso,Lucas faz-nos pensar numa exultação idêntica: a de Maria. «A minha almaglorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1,46-47).

Estamos perante a boa Notícia que conduz à salvação. Levandono seu ventre Jesus, o Evangelizador por excelência, Maria encontrou Isabel eexultou de alegria no Espírito Santo, cantando o Magnificat.

Jesus, ao ver o bom êxito da missão dos seus discípulos e,consequentemente, a sua alegria, exultou no Espírito Santo e dirigiu-Se a seuPai em oração. Em ambos os casos, trata-se de uma alegria pela salvação em ato,porque o amor com que o Pai ama o Filho chega até nós e, por obra do EspíritoSanto, envolve-nos e faz-nos entrar na vida trinitária.

O Pai é a fonte da alegria. O Filho é a sua manifestação, eo Espírito Santo o animador. Imediatamente depois de ter louvado o Pai – comodiz o evangelista Mateus – Jesus convida-nos: «Vinde a Mim, todos os que estaiscansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo eaprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descansopara o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11,28-30).

«A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteiradaqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele sãolibertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com JesusCristo, renasce sem cessar a alegria» (Exort. a

Fonte: Redação