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Palavra da Inspetora

em 11/03/2020 | 00h00min

Palavra da Inspetora

Inspetoria Nossa Senhora da Penha RJ/ES  -  Circular 032020

Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam. Isaías 40,31

Queridas Irmãs,

Em meio a um mundo desumanizado e marcado pela violência, indiferença, intolerância e egoísmo ao extremo, o papa Francisco nos convida a viver a quaresma como tempo de Misericórdia. De maneira especial, o tempo quaresmal pode ser um momento privilegiado para que deixemos transparecer no mundo a missão de testemunhas da Misericórdia: "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele" (Lc 10,33-34).

 A quaresma pode ser o ponto de partida de uma transformação de vida; os quarenta dias de duração são um tempo propício para viver a ‘prática da saída’, ou seja, expandir a vida em novas direções, rompendo com aquilo que é rotineiro e que nos aprisiona na mesmice, no vazio e no sem sentido. 

Com a Quarta-feira de Cinzas damos início à Quaresma e entramos num movimento de discernimento: de quê jejuar e com quê saciar-nos nesse tempo litúrgico? Somos motivadas a praticar o jejum que nos afasta: da soberba, da vaidade, do consumismo, de fazer-nos centro de tudo, do ativismo, de afetos desordenados, jejuar de desculpas frágeis e de distâncias, da indiferença e da frieza nos relacionamentos e de tantas outras coisas que nos distanciam do verdadeiro propósito de privar-nos consciente e responsavelmente de algumas coisas. Sabemos que, o jejum ativa o dinamismo do amor e nos faz mais compassivas, solidárias, misericordiosas e humanas.

A esmola está ligada à compaixão e piedade. Quem partilha daquilo que tem é compassivo e misericordioso, capaz de expressar a ternura e a solidariedade. Atitudes fundamentais que nos aproximam dos desfavorecidos, marginalizados e esquecidos. A misericórdia (qualidade da esmola) é a atitude própria de quem tem um coração sensível à miséria do outro. 

A esmola - misericórdia em ação - é uma atitude central para o cristão. Uma das suas qualidades mais atraentes  é precisamente sua capacidade para criar laços de comunhão. Se cada um põe seus dons e bens a serviço dos outros e se deixa socorrer em suas necessidades, abre espaços para a verdadeira vivência comunitária.

A oração nos ajuda a amar a Deus e a colocá-Lo como centro de nossa vida. A vivência da oração e de todas as práticas associadas a ela, como o silêncio, a solidão, a reflexão, a escuta e a meditação da Palavra, a participação na liturgia da comunidade, nos preparam e nos ajudam a entrar em sintonia com a ação de Deus no mais profundo de nosso ser.

Quando oramos, conhecemos e amamos mais a Deus, sentimos sua ação misericordiosa em nosso dia a dia, alimentamos nossa vida interior, somos menos artificiais, nos fixamos mais naquilo que nos é dado continuamente como graça, vivemos em contínua gratidão por estarmos rodeadas de tanta ternura e beleza, mesmo em meio às situações conflitivas e desafiadoras, despertamos empatia para com aqueles que mais sofrem, recobramos novo ânimo para ajudá-los, somos conscientes de nossa fragilidade e pequenez, ao mesmo tempo em que cresce em nós a percepção de nossa maravilhosa dignidade de filhos ou filhas de Deus.

Então: viver o tempo quaresmal com esperança é experimentar a certeza da ressurreição de Cristo: Ele está entre nós e nos dá vida em abundância.

E o Papa Francisco continua a nos dizer:

“Os homens precisam de esperança para viver e precisam do Espírito Santo para esperar”. Ele cita a carta aos Hebreus, que compara esperança a uma âncora (cf. 6,18-19); e a esta imagem acrescenta a vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” no balanço do mar, a vela é o que faz caminhar e avançar sobre as águas.

“A esperança é realmente como uma vela; ela recolhe o vento do Espírito Santo e O transforma em uma força motriz, que impulsiona o barco, conforme a necessidade, para o mar ou para a terra.” E, seguramente nos conduz às fontes da verdadeira vida. Uma vida ressuscitada, plena e abundante, porque sustentada pela e na verdadeira fonte: o Mestre e Senhor da Vida! 

Um frutuoso tempo quaresmal, lembrando que: a vida é um abrir-se aos demais - esmola, um mergulhar no mistério de Deus - oração, e ser capaz de ordenar e dirigir a própria existência - jejum. 

Com carinho fraterno, Ir. Ana Teresa 

Fonte: Redação