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Palavra da Inspetora

em 16/04/2019 | 00h00min

Palavra da Inspetora

Inspetoria Nossa Senhora da Penha  -  Circular 04/2019

Queridas Irmãs,

“… Eu vim para que tenham VIDA e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

Páscoa é tempo de colocar a fraternidade a serviço da VIDA, é tempo de conversão, de ouvir a Palavra, tempo de retomar a FÉ, de celebrar a esperança que existe dentro de nós, de voltar ao primeiro amor (Ap 2,4).

Tempo de Páscoa é tempo de festa, de deixar tudo que é velho para trás, tempo de abertura para o novo. É Vida nova que brota da cruz, é tempo de conversão ao Projeto de Deus na vida de cada um de nós.

Tempo de certeza da presença do Cristo em nossas vidas. “Eis que estarei convosco todos os dias até o final dos tempos”(Mt 28,20). Esta passagem nos recorda que pela ressurreição, Jesus ganhou uma dimensão cósmica. Ele se encontra em todas as coisas. Ele se encontra no tempo, é o Senhor da nossa história.

Tempo de Páscoa… É tempo de acreditar na ressurreição de Cristo como fundamento da nossa fé e o motivo de esperança em nossa própria ressurreição.

É tempo de Páscoa… as sombras da morte vão perdendo força, a luta pela vida toma posição: onde havia medo surge a coragem, onde havia desânimo a esperança toma lugar, o individualismo cede espaço ao comunitário e o comodismo se abre para solidariedade. Um novo tempo começa a se instaurar.

Na história exemplar de Jesus Cristo o humano pode se confrontar e se deparar com o que de fato é essencial e realizador: a vida como dom, a compaixão, a entrega gratuita, a comunhão, na sensível dinâmica de amar e servir.

Como nos lembra nosso querido Dom Pedro Casaldaliga: “a alternativa cristã é: ou a vida ou a ressurreição. Queremos escolher a vida e a ressurreição, queremos Celebrar o mistério Pascal de Jesus Cristo, queremos celebrar Cristo na vida das pessoas, das comunidades e a vida das comunidades em Cristo”.

O período da Páscoa não deixa de ser um desafiante convite para que revisitemos a dimensão da esperança, tão ameaçada, machucada em nosso tempo. Fazendo memória da Ressurreição de Jesus Cristo, evento central, fundante da revelação cristã, a Páscoa comemora antes de qualquer coisa, a vida em sua sublime capacidade de vencer, suplantar a própria morte, abrindo-se para a transcendência. 

Assim, a celebração da Páscoa contempla uma inspiradora metáfora acerca dos processos existenciais. A fé na ressurreição, em uma vida que não se esgota com a morte, consiste na mensagem mais elevada a apontar para a transcendência do existir. O processo de ressurreição, não obstante, deve ser uma constante na dinâmica das relações e vivências do humano. A Páscoa pode representar a infinita capacidade de recomeçar, recriando novas e genuínas possibilidades de interação, relacionamento, vida.

Em um tempo tão ceifado de esperança, marcado por posturas pessimistas, filosofias niilistas, previsões catastróficas, pesado ressentimento, a Páscoa descortina-se como uma fundamental referência a enfatizar, apontar o horizonte do devir, das possibilidades do humano. A ausência de esperança alcança significado histórico em uma sociedade que desistiu das utopias, dos anseios por uma realidade definida pelas dimensões de justiça, igualdade e liberdade.

A indiferença em relação ao sofrimento do outro, à miséria que atinge o outro, impedindo-o de se desenvolver como humano, revela a dureza de coração de uma sociedade empedernida, a se afastar de qualquer senso de amor, compaixão e direito, balizas fundamentais da civilização. A própria banalização da violência, atingindo principalmente os jovens que vivem nas regiões mais periféricas, encontrando-se em situação de maior fragilidade social e econômica, é também um traço, aspecto de um mundo perdido, que se conformou e se acomodou à injustiça, submergindo ao total desencanto e desespero.

É Páscoa, vivamos intensamente a dimensão do serviço ao próximo com espírito fraterno, com alteridade, sentindo a dor do outro, sendo homens e mulheres segundo o coração de Deus. “Tudo quanto fizerdes fazei-o de todo coração” (Cl 3,22), para que Cristo ressuscitado viva em nós (Gl 2,19-20).

Deixemos CRISTO RESSUSCITADO fazer morada em nosso coração. Deixemos que a liturgia da Vigília Pascal nos interpele: “duelem forte e mais forte, é a vida que vence a morte”, lembrando que a VIDA sempre vence a morte.

Boa e Santa Páscoa para todas e para seus familiares. 

Meu abraço, Ir. Ana Teresa

Fonte: Redação