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Palavra da Inspetora

em 13/11/2018 | 00h00min

Palavra da Inspetora

Inspetoria Nossa Senhora da Penha - Circ. 11/2018

Queridas Irmãs,

O Senhor escolheu cada um de nós para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (cf. Ef 1, 4).


“ALEGRAI-VOS E EXULTAI” (Mt 5, 12), diz Jesus a quantos são perseguidos ou humilhados por causa d’Ele. O Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados. Quer-nos santas e espera que digamos não a uma vida medíocre e superficial. O chamado à santidade está presente na Bíblia desde o início; a Abraão, o Senhor a propõe nestes termos: “anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17, 1).

Este é um convite feito também a nós hoje, e a muitos outros da nossa convivência: aos pais que educam os seus filhos com tanto amor, aos que trabalham a fim de trazer o pão para casa, aos doentes, às consagradas que diariamente doam a vida pelas causas do Reino, às Irmãs idosas que continuam felizes, sorrindo e entregando a vida numa relação profunda com o Deus da vida... Nesta dinâmica de continuar caminhando dia após dia, a santidade está presente e se faz entrega, fidelidade, oferta cotidiana e amor incondicional aos irmãos.

Quer saber como ser santa? Madre Mazzarello nos diria: “Faça bem todas as coisas, esteja sempre alegre, amem muito os jovens e as Irmãs, viva sempre na presença de Deus”. Atitudes possíveis para todas nós.

Um grande dom do Concílio Vaticano II foi ter possibilitado a nós compreender melhor que, enquanto batizados, todos os cristãos têm igual dignidade diante do Senhor e são irmanados pela mesma vocação, que é a santidade (cf. Const. Lumen gentium,39-42). Sim, a nós fica a tarefa de entender em que consiste esta vocação universal, este chamado à santidade.

Antes de tudo, devemos ter bem presente que a santidade é um exercício cotidiano que se dá na convivência comunitária, na relação fraterna. A santidade é um dom que nos dá o próprio Jesus: “Sede santos como vosso Pai é santo”. O convite é tornarmo-nos santas como Ele é. Na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo afirma que “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para a santificar” (Ef 5, 25-26). Verdadeiramente, a santidade é o rosto mais bonito da Igreja, das nossas comunidades: é redescobrir-se em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Então, compreende-se que a santidade não é um chamado só para alguns: é um dom oferecido a todos. É precisamente Deus quem nos dá a graça. 

O Senhor só nos pede isto: que permaneçamos em comunhão com Ele e no serviço dos irmãos. Como respondemos a este apelo do Senhor à santidade? É um convite a compartilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, levando-o a tornar-se ao mesmo tempo um dom de amor às pessoas que estão ao nosso lado. Se entendermos isto, tudo mudará, adquirindo um significado novo, pleno, a começar pelas pequenas coisas de cada dia. 

Mas o que é a santidade? É ter a face de Cristo! A santidade parte de Deus e só podemos ser santas n’Ele. A sua história pessoal e tudo aquilo que Deus tem e quer fazer na sua vida é um momento único que vai exigir de você obediência à sua vontade.

A Igreja de hoje precisa de santos e santas agora. Para sermos santos e santas, neste momento presente, é preciso um amor extraordinário por Jesus, um amor profético que tenha a coragem de lutar contra todas as estruturas de pecado. Não há santidade sem liberdade! Ela não pode ser vivida sem o ato de ser profeta, que exige anúncio e denúncia; ela não pode ser vivida sem luta contra todas as estruturas que abalam a Igreja, a Vida Religiosa Consagrada, o interno das nossas comunidades.

Ser santa não é somente imitar Jesus, mas é ser Jesus, é vivê-lo no cotidiano. Não dá para ser santa vivendo como todos vivem, aplaudindo tudo, vivendo de acordo com o sistema deste mundo. É preciso ir na contramão. Embora isso custe vida e sacrifício. Podemos nos espelhar nos santos deste tempo: Oscar Romero, Paulo VI, Teresa de Calcutá...

A proposta é bem simples: fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque Deus se fez humano.

Podemos finalizar com a figura de Maria, ela viveu como ninguém as bem-aventuranças do Reino! É aquela que estremecia de júbilo na presença de Deus, aquela que conservava tudo no seu coração e se deixou atravessar pela espada. É a mais abençoada das santas entre todos/as os/as santos/as, aquela que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha. E, quando caímos, não nos abandona e, às vezes, leva-nos nos seus braços como filhas. Sabe das nossas dificuldades e fraquezas e nos aconselha com mãe dizendo-nos: “Faça tudo o que Ele vos disser”.

Com carinho meu abraço, Ir. Ana Teresa

Fonte: Redação