XXIIICG Entrevista Inspetora da África do Sul
em 13/10/2014 | 00h00min
O XXIIICG entrevistou a Inspetora Ir. Julienne MUNYEMBA, da Inspetoria africana Nossa Senhora da Paz(afm), que abrange as Nações do Sul da África, Zâmbia e Lesotho. Com ela queremos conhecer em particular a África do Sul.
Como se vive na África do Sul?
A nossa Nação é chamada “rainbow nation” (nação arco-íris) precisamente pela diversidade das culturas presentes. O povo Sul-africano vive hoje uma situação muito complexa e deve enfrentar muitos desafios. Em primeiro lugar o desafio cultural: com o fim do apartheid, há 20 anos, o País continua a ter diversos problemas, tanto em nível econômico como na convivência entre brancos e negros. Por isso, estão em andamento, em nível nacional, processos de diálogo, de paz, de reconciliação para reapropriar-se da própria identidade e de valores autênticos para uma convivência serena e harmoniosa. O caminho é trabalhoso e requer paciência e coragem.
Um outro desafio é a migração, refere-sea uma multidão de refugiados e migrantes que provêm dos Países próximos e distantes em busca de asilo político ou de melhores condições de vida, também para as próprias famílias. Muitos dos imigrantes chegam sem documentos legais e trabalham no mercado negro. Esta situação não lhes permite ter acesso aos serviços sociais, e assim vivem numa grande miséria e, em muitas ocasiões, sujeitos à xenofobia.
O outro grande desafio é a economia e, apesar de ser um País "em via de desenvolvimento", a pobreza ainda está muito difundida e as taxas de desemprego muito altas. Vale a lógica da 'injustiça distributiva', pela qual os ricos se tornam sempre mais ricos e os pobres, por outro lado, sempre mais pobres e sem oportunidades de trabalho. O último desafio é a Instituição, com a falta de credibilidade do governo, por causa da corrupção e do enriquecimento pessoal dos “líderes”, que geram desespero e descontentamento em geral.
Neste contexto, que escolhas a Inspetoria é chamada a fazer?
Na Inspetoria é clara a missão: os pobres. As fma têm muita coragem e são sensíveis às necessidades dos mais desfavorecidos. O empenho é de continuar a procurar juntas caminhos e estratégias para ajudar e acompanhar, nas situações mais incômodas.
Compartilho, em síntese, alguns passos concretos que a comunidade inspetorial tem posto em prática.
Inserção de uma fma nos organismos da Conferência Episcopal para a catequese, em nível nacional. A ela é confiada a formação dos catequistas e a animação pastoral em nível nacional. Para a evangelização do povo todo, ativou-se uma rádio católica que, semanalmente, transmite a mensagem do Evangelho, alcançando toda a gente e todos os lugares.
As fma administram as escolas que se localizam nas periferias e acolhem os meninos que vivem em situações de grave desconforto. Aqui as Irmãs, além de ocupar-se da formação e da promoção dos valores, encarregam-se da insegurança alimentar oferecendo cotidianamente as refeições. Estes centros estão abertos a todos e são pontos de referência para o povo.
Um outro cuidado é a situação de precariedade em que vivem os refugiados, em particular as mulheres às quais se oferece ajuda moral e espiritual. Diante da crise econômica e do aumento do desemprego, as fma procuram estratégias e caminhos para encontrar oportunidades de trabalho. A presença educativa e serena das nossas Irmãs preenche de esperança a vida dessas mulheres.
Fonte: Redação
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